A disputa e queda do preço do petróleo provoca impacto histórico no mercado financeiro brasileiro.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira B3, caía 12% às 16h12, aos 86.205,89 pontos, o menor nível desde dezembro de 2018. Logo início das negociações, uma baixa de 10% acionou o mecanismo de “circuit breaker”, que mantém as transações paralisadas por meia hora para esfriar os ânimos. A bolsa brasileira está acompanhando o mercado externo.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa brasileira B3, caía 12% às 16h12, aos 86.205,89 pontos, o menor nível desde dezembro de 2018. Logo início das negociações, uma baixa de 10% acionou o mecanismo de “circuit breaker”, que mantém as transações paralisadas por meia hora para esfriar os ânimos. A bolsa brasileira está acompanhando o mercado externo.
Em meio ao pânico com o
coronavírus, que tem castigado os mercados em todo o mundo desde fevereiro,
agora também a baixa do petróleo faz os investidores correrem dos investimentos
considerados mais arriscados, como as ações, para buscar refúgio em aplicações
tidas como seguras. O índice Standard & Poor’s 500, de Nova York, também
suspendeu as negociações após sua queda bater em 5%.
Na retomada dos negócios
após a paralisação pelo “circuit breaker”, a ação preferencial da Petrobras
recuava 25%, para 16,99 reais. A petroleira é a empresa mais importante da B3,
com peso de cerca de 10% no Ibovespa. Depois, vem o Itaú Unibanco, que caía
7,20%, a 27,74 reais.
Segundo Jefferson Laatus,
sócio do Grupo Laatus, o mercado pode estar antecipando uma possível guerra
dada a decisão de derrubar o valor do petróleo. Já Adriano Cantreva, sócio da
Portofino Investimentos, acredita que o caos será temporário. “A minha
recomendação para os investidores é manter a calma. É necessário lembrar que o
investimento é de longo prazo: então, é importante ter ações de empresas de
qualidade. Nesse sentido, o momento pode ser até uma oportunidade para comprar
os ativos que estão mais baratos”, afirma.
Antes da queda de hoje, o
Ibovespa já havia perdido 17% neste ano. Na sexta-feira, com grandes incertezas
em relação à disseminação do coronavírus, o índice recuou 4,1%. Mas notícias
sobre a epidemia surgiram no final de semana, com a Itália isolando 16 milhões
de pessoas na região norte do país após as infecções superarem 7 mil e as
mortes baterem em 360. Porém, a disputa sobre o preço do petróleo entre a
Rússia e a Arábia Saudita pegou os mercados de surpresa.
A estatal saudita Saudi
Aramco anunciou no sábado um plano de cortar o preço do petróleo em 20%. O
barril de petróleo do tipo Brent, que serve de referência para os preços,
apresentava queda de 21% às 10h40 desta segunda-feira, a 35,81 dólares. Mais
cedo, chegou a cair quase 34%, negociado a 27,34 dólares, o menor valor desde
fevereiro de 2016.
O anúncio da Saudi foi
feito em meio a uma guerra interna entre os produtores de petróleo. Com a queda
no consumo global gerada pelo coronavírus, os sauditas propuseram uma redução
na produção na última reunião da Opep (que reúne os maiores produtores de
petróleo), mantendo ou aumentando preços.
Os russos foram contra,
uma vez que seu orçamento é mais preparado para um cenário de preços baixos,
segundo o analista Thiago Duarte, do banco BTG Pactual. Em retaliação, os
sauditas decidiram aumentar sua produção de petróleo em 10 milhões de barris
por dia, aumentando a oferta mesmo em um cenário de consumo baixo.
Países cujo orçamento têm
forte dependência do petróleo, como Iraque, Irã e Nigéria, sofrerão um forte
impacto. A Venezuela, já em crise, também será afetada. Os EUA aumentaram
fortemente sua participação no mercado global de petróleo graças ao shale gas,
ou gás de xisto. Mas esta produção só é viável com preços de petróleo mais
altos. Por isso, a indústria americana de shale gas será fortemente afetada.
A bola de neve também afetou os continentes Asiático e Europeu. A Bolsa de Tóquio foi
especialmente afetada, com a disparada da cotação do iene, considerado um valor
refúgio, na comparação com o dólar. O índice Nikkei registrou queda de 5,07%, a
19.698,76 pontos, algo que não acontecia desde fevereiro de 2018, no início da
guerra comercial entre Estados Unidos e China.
Os mercados chineses também operavam em forte queda. O índice Hang Seng de Hong Kong recuou quase 3,7%. A Bolsa de Shenzhen retrocedia 2,86% e a de Xangai mais de 3%. A bolsa norte americana recuou quase 8,0% levando a interrupção das negociações na Nyse e Nasdad. As bolsas na Europa recuaram até 11,0%. Na Alemanha, o índice DAX caiu também mais de 8,0% e na Inglaterra, o FTSE 100, levou um tombo que chegou a 7,91%.
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