Era suposto chamar-se The Doctor Says, I'll Be Alright but I'm Feelin' Blue, mas no final vai chamar-se Sound of Falling. O novo filme de Mascha Schilinski, a sua segunda longa-metragem depois de Dark Blue Girl, de 2017, foi selecionado para a competição oficial do Festival de Cannes 2025. A cineasta alemã está na luta pela próxima Palma de Ouro, depois de Anora.
De acordo com a Mk2 Films, que fornece pormenores no seu comunicado de imprensa, Sound of Falling é uma "obra visualmente cativante que explora a memória, a identidade e a natureza poética do tempo, fazendo cinema a partir das dores fantasma que atravessam as épocas".
O filme acompanha o desenvolvimento de quatro mulheres ao longo de quatro décadas na Alemanha. O quarteto de atrizes é composto por Lea Drinda, Luise Heyer, Susanne Wuest e Lena Urzendowsky. Esta é a primeira vez que a realizadora alemã sobe os degraus de Cannes, tendo o seu filme anterior sido apresentado na Berlinale.
----------
O Festival de Cannes de 2025 acontece entre os dias 13 e 24 de maio. O filme brasileiro ‘O Agente Secreto’, de Kleber Mendonça Filho e protagonizado por Wagner Moura, foi selecionado para a competição oficial do 78° Festival Internacional de Cinema de Cannes 2025, conforme anúncio feito na quinta-feira (10). No total, foram anunciados 19 filmes na corrida pela Palma de Ouro. O longa-metragem conta a história de Marcelo (Wagner Moura), professor especializado em tecnologia, que sai de São Paulo rumo ao Recife para fugir de um passado violento. Em seu novo lar, no entanto, descobre que está sendo espionado. O filme ainda não tem data de estreia no Brasil.
“Esse filme é resultado de um desejo grande de continuar filmando o Brasil e no Recife, desta vez no contexto histórico do mundo de 50 anos atrás, de um Brasil do passado. Eu também tinha vontade de fazer um filme de mistério e de suspense, em que o Recife fosse o cenário principal”, disse Mendonça Filho em um comunicado à imprensa.
“É a combinação perfeita: encerra a realização do filme e inaugura a sua trajetória. Estou feliz com ‘O Agente Secreto’, honrado com o convite e quero que as pessoas vejam o filme no exterior e no Brasil. É uma história muito brasileira e, por isso mesmo, é um filme do mundo todo”, afirmou o cineasta.
Em um comunicado oficial, Wagner Moura afirmou que o trabalho foi uma “das melhores experiências que tive em diversos sentidos”. “Trabalhar com Kleber era quase uma obsessão desde que vi ‘O Som ao Redor’. Estar em Recife, 25 anos depois de estrear ali ‘A Máquina’, a peça de João Falcão, e viver essa cidade incrível com Kleber, Emilie e seus amigos, que agora também são meus, é sobretudo saber que para além da alegria de estar no Nordeste falando minha língua, eu estava fazendo um filmaço”, disse o ator.
“Cannes é a minha primeira memória de ter conversado com Kleber, no ano de 2003, quando estive lá com o filme ‘Cidade Baixa’, dirigido por Sérgio Machado, e ele estava cobrindo o festival como crítico de cinema. Tudo fazendo um sentido lindo danado”, concluiu Wagner Moura.
----------
A nova versão do clássico Céu e Inferno (High and Low) de Akira Kurosawa ficou de fora do anúncio oficial da seleção de Cannes, mas sua presença no festival foi confirmada pelo próprio diretor Spike Lee pouco depois. O que aconteceu? Não se sabe, mas agora está confirmado: Highest 2 Lowest, mais uma colaboração de Lee com Denzel Washington, vai para a Croisette. Não há o que discutir: ele é, de longe, um dos grandes títulos de 2025.
Na grande transformação de Cannes numa casa para lançamentos hollywoodianos, Tom Cruise já é uma figura importante. Depois de lançar Top Gun: Maverick lá em 2022, o astro retorna este ano com o clímax da saga de Ethan Hunt: Missão: Impossível - O Acerto Final. Não é exagero dizer que Cruise, e esta franquia, estão entre os grandes nomes do cinema de ação, e o astro ganhou um lugar especial entre os defensores desta arte. Não há lugar melhor para seu filme, então.
Preso pelo regime iraniano em 2010, Jafar Panahi tem usado seu cárcere (ele foi inicialmente condenado à prisão domiciliar, mas hoje pode se mover livremente desde que não saia do Irã) para continuar falando sobre a situação política de seu país. Um ano depois da prisão, seu importantíssimo Isto não é um Filme registrou seu tempo preso em casa, e Sem Ursos registrou a dura realidade da censura cultural na nação. Agora, ele tem outro filme, que certamente será tão urgente quanto: It Was Just an Accident.
No bom francês, Wes Anderson já virou tout à fait em festivais internacionais, e com razão. Poucos cineastas têm uma voz tão reconhecida e reconhecível como o diretor de Asteroid City e Grande Hotel Budapeste. Novamente munido de um grande elenco (Benicio del Toro, Scarlett Johansson, Tom Hanks, Benedict Cumberbatch, Michael Cera e muitos outros), ele retorna a Cannes com uma espécie de filme de espionagem.
Apesar de não ter um dos nomes mais conhecidos do cinema norte-americano, Kelly Reichardt pode assumir, tranquilamente, um lugar entre os cineastas mais confiáveis do momento. A diretora de First Cow brilha há anos com seu slow cinema, e agora traz um filme cuja premissa é simplesmente irresistível: em The Mastermind, Josh O'Connor, Alana Haim e John Magaro protagonizam uma história de roubo de arte durante a guerra do Vietnã.
Em termos de ideias arriscadas, essa está lá em cima. A influência da Nova Onda do cinema francês na arte de Richard Linklater é inegável; basta ver Antes do Pôr-do-Sol. Em nenhum lugar do mundo a escola é tão adorada como em Cannes, e é para lá que ele está levando Nouvelle Vague, filme que dramatiza os bastidores daquele que pode muito bem ser o maior clássico do movimento: Acossado de Jean-Luc Godard. Todo crítico francês entrará nessa sessão pronto para pegar em armas.
Joachim Trier finalizou sua trilogia de Oslo de maneira maravilhosa com A Pior Pessoa do Mundo, que deu a Renate Reinsve o prêmio de melhor atriz em Cannes. Agora, ele começa uma nova fase, ao lado da atriz, em Sentimental Value. É hora de ver se os dois entrarão de vez na lista de combinações imperdíveis de diretor/ator do cinema atual.
Ari Aster tem feito seu nome através dos pesadelos que dirige, sejam eles assustadores (Hereditário, Midsommar) ou cômicos (Beau tem Medo). Sua nova empreitada possui grande elenco – Pedro Pascal, Joaquin Phoenix e Emma Stone – e uma carga política até então ausente de seus projetos. Se passando numa cidadezinha durante a pandemia, Eddington mostra dois oponentes na disputa pela prefeitura (Pascal e Phoenix) com visões contraditórias sobre como lidar como a covid. Soa diferente, ousado e arriscado, quando levamos em conta sua filmografia.
Uma das Palmas de Ouro mais surpreendentes dos últimos anos veio quando Julia Ducournau venceu com Titane em 2021. De volta a Cannes, ela traz com Alpha outra história, desta vez sobre uma garota de 11 anos numa versão fictícia da Nova York dos anos 1980. Ducournau vem falando sobre a especificidade da experiência feminina há anos, e Alpha segue nessa linha.
Fonte: omelete.com.br, brasildefato.com.br e sortiraparis.com
Comentários